Mergulho o pincel, ainda tingido de cinzento nas sardas espigadas e mal tratadas, levando um pouco de cor, ao que parecia triste e apagado.
Misturo, entre as linhas rabiscadas e os esboços borrados de carvão, uns quantos salpicos de vida, de felicidade e de sonhos, como quando, na mais densa escuridão da noite, se descobre, entre as nuvens chuvosas, algumas estrelas apagadas e abafadas pela espessa neblina que insiste, destruir o que de belo e mágico pode haver para dois olhos entristecidos contemplarem.
Deslizo entre o azul e o escarlate. O meu coração de novo palpita, os meus olhos novamente, tentam disfarçar o estranho brilho que os invade, que os toma, como um pedaço de pão quente, fumegante.
Deparo-me com o sorriso cravado no canto da boca, com as estranhas cócegas no estômago.
Um novo traço se adivinha, entre as linhas cinzentas, que a ninguém encantam.
Numa suave valsa, entre o pincel e a tela, entre o azul e o amarelo, pinto sentimento vividos, palavras beijadas e gestos petrificados, que sempre ficarão na minha mente, mesmo que, tal como o desenho rabiscado que sonha um dia ser quadro, tudo também não passe de ser somente, um doce sonho que eu sonhei.
Oi, gostei do seu texto, coisas na sua vida melhoraram? fico feliz.
ResponderEliminarbeijo.