10.03.2011

Finding a bit of peace


Mergulho o pincel, ainda tingido de cinzento nas sardas espigadas e mal tratadas, levando um pouco de cor, ao que parecia triste e apagado.
Misturo, entre as linhas rabiscadas e os esboços borrados de carvão, uns quantos salpicos de vida, de felicidade e de sonhos, como quando, na mais densa escuridão da noite, se descobre, entre as nuvens chuvosas, algumas estrelas apagadas e abafadas pela espessa neblina que insiste, destruir o que de belo e mágico pode haver para dois olhos entristecidos contemplarem.
Deslizo entre o azul e o escarlate. O meu coração de novo palpita, os meus olhos novamente, tentam disfarçar o estranho brilho que os invade, que os toma, como um pedaço de pão quente, fumegante.
Deparo-me com o sorriso cravado no canto da boca, com as estranhas cócegas no estômago.
Um novo traço se adivinha, entre as linhas cinzentas, que a ninguém encantam.
Numa suave valsa, entre o pincel e a tela, entre o azul e o amarelo, pinto sentimento vividos, palavras beijadas e gestos petrificados, que sempre ficarão na minha mente, mesmo que, tal como o desenho rabiscado que sonha um dia ser quadro, tudo também não passe de ser somente, um doce sonho que eu sonhei. 

1 comentário:

  1. Oi, gostei do seu texto, coisas na sua vida melhoraram? fico feliz.
    beijo.

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