Desvaneço nos seus braços, dissolvendo-me na sua respiração. Torno-me o oxigénio dos seus pulmões, o pedaço de carne vulnerável que lhe sacia a fome e a droga que lhe corrói o espírito.
Rodeado pelos seus braços e consumido pelos seus beijos, subo ao paraíso, onde os olhares se dispersão nas nuvens de algodão, afastando-se e perdendo-se, dentro de sonhos apanhados, nos olhos brilhantes e apaixonados.
As suas mãos, um tanto ásperas, percorrem as minhas costas, conhecendo e explorando aquilo que o céu e as estrelas ocultavam e reservavam, como um caminho dos deuses, onde se cometia, secretamente, no mistério do silêncio abafados dos lábios dele fixados aos meus, o pecado da gula.
Abrem-se os portões do Olimpo, descai sobre o seu corpo trabalhado, o doce suor do desejo, carregando consigo a pesada sede de amor que, vagueava solitária à demasiado tempo na sua alma, roubando-lhe os sorrisos forçados e as lágrimas involuntárias, que, sem avisar, antigamente, à não muito tempo atrás, lhe escorriam dos olhos afundados de tristeza e falta de carinho, deslavando a sua máscara bem disposta.
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