8.20.2011

Clock without cuckoo


Mais uma vez dei por mim à sua espera. À espera que cuco tocasse, e novamente o meu coração se enchesse de alegria por uns minutos, mas nem o cuco tocou nem o meu coração se encheu de algo, além do tremendo vazio da desilusão.
Nostalgicamente contava os segundos, ao som do balanço alarmante do ponteiro mais fino e mais rápido, que parecia tão impaciente quanto eu, para ver os outros se moverem e apontarem a hora que ele regressaria, com o sorriso rasgado nos lábios carnudos, trazendo atrás de si toda a paz e a cor que estava a faltar no meu dia.
Mas, enquanto a mente vagueava pelas memórias dos dias passados, o cuco tocou.
Tocou três rápidas vezes até a tristeza se apoderar dos meus olhos e lançar sobre o maldito relógio o olhar furioso, onde a desilusão habitava em harmonia com a solidão dum olhar perdido, que procurava impaciente um outro para morrer nos seus olhos.
O cuco recolheu-se e ele não voltou. Não havia cor nem alegria, e pela frente tinha o que restava de uma noite de sono mal dormida, até que o cansaço tomasse controlo do meu corpo e me fizesse cair no sono profundo, sem qualquer sonho ou pesadelo.

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