Lá no fundo o ruído apagado dos gritos agoniados, esvoaçavam o vazio como harpias pairando sobre o céu morto e nu, como um tecido rasgado, caído sobre as costas despidas e molhadas, onde evidentemente se formavam pequenas e brancas, feitas de plumas e pedaços de algodão roubado das nuvens, asas angelicais, como as de um anjo amargurado, descaído pelas escadas da tortura, onde esperava perdido que alguém lhe estendesse uma mão e o levantasse da calçada orvalhada da chuva.
E não valia mais chorar, pois as suas lágrimas ecoavam como gotas de humidade, escorrida pelas estalagmites das grutas escuras e adormecidas, onde nem os morcegos se ouviam, porque, sempre que, cada pequena lágrima, cristalina como uma pérola, lhe escorregava pelo queixo, lá em baixo, no fim das infinitas escadas encaracoladas, a escuridão preparava-se para o devorar, bebendo a sua tristeza e comendo a sua angústia, como um carnívoro faminto, impaciente para ser saciado com o que restava duma pobre alma inofensiva.
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