As coisas mudam, mudam lentamente sem darmos conta. As árvores que antes estavam despidas estão hoje repletas de folhas verdes e maçãs vermelhas, brilhantes e suculentas, e amanhã estarão novamente a ser despidas pelo vento e adormecidas pelo gelo, até que a Primavera as decore de flores e folhas novamente. Mas não é apenas as árvores que mudam, não são somente as maçãs que são belas, nem é somente a Primavera que trás felicidade. Hoje eu sei que de cada vez que os meus dedos percorrem os seus lábios, escorregam pelo seu queixo e se perdem o seu corpo, quente, doce e vivo como uma chama fogosa que nasce dentro de ti, como uma Fénix ardente a renascer das cinzas apagadas, espalhando o fumo como uma cortina de ceda pelo que aos meus olhos e lindo e belo, divino e celestial, que dentro de mim algo desperta como um dragão adormecido ou uma quimera saciada.
Sei hoje o que é o coração bater fortemente contra o peito, tentando rasgar a pele como um tecido velho. Sei o que é o sangue vermelho, rolar dentro das veias, enchendo o meu corpo de vitalidade, como se parte do seu fogo pegasse a mim, e eu ardesse em desejo dentro das chamas intensas que jamais alguém apagará.
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