12.17.2011

Winter Storms


Pinto a sangue as folhas de um diário sofrido. Não me convém conter as palavras por pena ou medo.
Embora as tempestades de Inverno ainda me atrapalhem, não as temo. Venero cada trovão como um grito que não dei. Um grito de fúria, pura fúria, contra o que podia ser diferente mas não é.
Segue-se um silêncio. Os pássaros escondem-se amedrontados. Um novo grito se aproxima.
Escuto cada um em silêncio, enquanto os pingos vermelhos caiam contra o chão, escorridos dos meus dedos. Por momento, desejo gritar, mas não o faço. Não agora, nem aqui.
Como dói o vento tentar mostrar os vultos da verdade a quem não vê, quando somente o meu paladar busca o doce sabor melancólico de quem precisa de um amor daquele que chega, apaixona, parte e magoa. Jogos de palavras se misturam com as nuvens solitárias que explodem no céu.
Lanço mais uma vez o dado viciado. Para meu azar, contra mim.
Um novo trovão; mais um grito de fúria que protesta na minha vez, quando as palavras se esconde por baixo da língua trémula, com medo de sair indesejadamente. Eu concordo.
Caminho na minha sentença, no tabuleiro do jogo sujo, em busca de uma oportunidade para ganhar de um modo justo e digno, o que sobraria da ganância e da tirania, de quem não olha a meios para atingir fins.

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