12.28.2011

Time to spare


Os dias passam como o bater das asas de uma borboleta que fica por horas parada, como se nada mais importasse. E algo importa? O novo ano galopa na minha direcção, como um cavaleiro sedento de sangue, apontando contra o meu peito a mais afiada lança.
Varro para baixo do tapete a sujeira de um ano rico em desilusões o mais rápido que posso. Escondo de todos, mas principalmente de mim, aquilo que quero manter abafado pelo pó até que os bichos o comam. Preciso de recomeçar. Sinto isso, mas não sei como.
Sacudo na janela cúmplice, o pano com que limpei as lágrimas que me romperam o rosto.
Vontade não me falta para num impulso lhe pegar fogo, mas algo dentro de mim me diz que futuramente precisarei novamente dele, e nessa altura, quem mais apararia as minhas lágrimas?
Nas gavetas lotadas de planos e objectivos por realizar, reencontro mais uma vez, esfregado contra o meu rosto, uma memória idiota mas extremamente poderosa que me intimida.
Ouve-se o bater das asas da borboleta quebrar o silêncio. Passou-se um ano que um sonhador rabiscou na sua vida, o forte desejo de triunfar no amor e, passado um ano eu verifico que esse mesmo sonhador não resistiu a um coração partido, esmagado e espezinhado. 

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