Caio de joelhos no solo gélido e arenoso mais uma vez rendido aos fantasmas de um passado assombroso.
Abafa-se o pó de uma caminhada dolorosa enquanto carrego nos meus ombros a cruz do arrependimento, arrastada atrás de mim, como um condeno penoso pelo
que tento, a todo custo, apagar de mim.
Nada acontece. Linhas traçadas a tinta não são apagadas com borracha, e por mais que ensanguente as mãos de tanto esfregar, não são elas que pagarão pelos pecados macabros de uma cabeça pouco ajuíza.
Contorço-me no chão, como se um ritual de exorcismo estivesse a ter inicio.
Corroído pela dor, pelo sofrimento, pelo arrependimento e pela tristeza que vagueiam ora perdidas, ora achados, dentro de mim, alagando-me ao chão desamparado.
Cheira a miséria na rua despida. O cheiro de uma população, que tal como eu, avança desamparada no caminho errado, alguns de olhos vendados, outros bem sóbrios. O cheiro de um povo que desistiu da guerra.
Mas não é só o festejo de odores repugnantes ao meu nariz, e ao mesmo tempo tão familiares, que me asfixiam o peito e me apertam o estômago.
Prende-se-me a respiração, inundam-se-me os olhos. A minha boca fica seca. Sinto a leve transpiração escorregar na pele fria.
A típica tragédia grega repete-se, desta vez, com um novo protagonista.
Mais um, a seguir ao último, a cair na doce e cruel tentação. Como uma borboleta capturada nas severas e rígidas teias de uma aranha mortífera e sanguinária.
Abre-se a caixa de música e a melodia se espalha entre os vultos de cabeças vazias, petrificadas pelo que era para muitos uma saída, no entanto, dessa vez, os olhos de pupilas dilatadas são de mais um mero inocente que caiu no mundo sem ninguém para o erguer, enquanto os meus somente afectados pelas lágrimas de quem por momentos se viu ao espelho e encontrou num olhar dilatado e pouco orientado, as lembranças dolorosas de uma criança da época perdida no mundo das maravilhas para adultos.
óh, que querida, foi o melhor elogio que o meu blog já recebeu (':
ResponderEliminarobrigada fofinha :)