Assoprei a
poeira duma vida escondida. Segurei-lhe a capa grossa, espessa, pesada. Tão
velha e esgotada que libertou dentro de mim o cuidado de tocar curiosamente
cada saliência da sua forma. Respirei o pó.
Doce, misterioso. Cheira a magia no ar; Cheira a histórias de encantar, a
contos de princesas. Encanto-me e desencanto-me em cada letra de talha dourada, que tão sinceras e irreais se mostram.
Percorri cada
folha; Verdades se descobrem. Casais saltam de entre as linhas de amores
proibidos.
Galgam entre as
palavras duram, de mãos dadas, sem medos. Liberdade de andorinhas em plena
Primavera. Despreocupação e felicidade tornam-se parte deles. Doces,
envolventes. Como borboletas a bailar. Descalços sobre a relva e as pedras do riacho
que corre até onde os meus pés de afundam no desejo de viver um romance assim.
De quem sabe, ser um capitulo do velho livro de memórias felizes onde casais
gravaram os seus votos de amor eternos, que ainda tocam as almas mais sensíveis
como a minha.
Sinto as suas
risadas calorosas; Sinto os seus olhos brilharem. O doce silêncio dos cantinhos
da boca.
Perfume de alfazema
dispersa-se no ar. Cerejas caiem sobre os seus pés. Rosas azuis em botão crescem nos seus cabelos. Parecem intocáveis; Parte um do outro que dá o sentido às suas imortais vidas de fantasmas felizes que habitam nos livros de amor.
Beijos são dados como presentes, em momentos improváveis, quando o sol ou as estrelas se distraem. É como se não houvesse mal algum. Como se, tudo fosse meramente, claro e simples como a água onde cavalos marinhos se envolvem nas valsas de amor coreografadas pela vida dos amantes secretos que pelo amor lutaram e venceram, para contar as histórias que a velha capa grossa e engelhada esconde.
Descubro-me a mim, no cimo duma macieira. Segurando a maçã; vermelha; suculenta. A fruta do pecado; a tentação. O que resta a um pobre solitário sem ninguém com quem escrever uma bonita história de amor, para poder correr descalço sem preocupações, com os cabelos ao vento, sobre os campos de trigo enquanto lá longe, o sol se põe para uma vida feliz, rica em sorrisos e gargalhadas que eternamente viveriam na mente de alguém como ecos das corridas de tantos casais felizes sobre as cerejeiras em flor.
Gostei, é muito lindo. Seguindo seu blog :D
ResponderEliminarObrigado, bem-vinda :)
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