4.28.2013

Don't talk with the fox about the secrets that your eyes say.



Gargalhadas afastam os bichos necrófagos de comerem o que resta de mim quando todos se limitam a ignorar o que dentro deste corpo não pára de bater impulsivamente, descontroladamente. Álcool sobre as feridas em sangue parece cócegas quando comparado à dor de um coração despedaçado. Eu bem que sei disso mas mesmo assim umas quantas vezes não chegam para adormecer a desconfortável e insatisfeita esperança de sentir um calafrio nos dedos; Quem mo fará sentir, depois do nascer de um beijo verdadeiro? Vontade não falta, de me atirar ao chão e rasgar as cortinas que escondem o meu melhor e o meu pior. Ser fraco às vezes poderia ser uma sorte quando o coração palpita dorido e mesmo assim não desiste de amar os pássaros que fazem ninhos nos meus bolsos sem fundo onde se espalham e se perdem tantos sentimentos vividos e esquecidos quantas estrelas os céus românticos de verão têm. Pessoas que entram na minha vida, que julgam, que encantam, que mentem, que enganam e no fim partem sem dizer adeus quando suas as malas pareciam ser parte da decoração habitual e desajeitada. Apenas sinto falta, da estúpida inocência e dos tempos que as coisas pareciam ser boas, sérias e verdadeiras e se desenvolveram para nada mais que noites de angústia mal dormidas, umas lágrimas caídas e uns suspiros levados, sabe o vento para onde. Só sinto falta de sentir algo, bom ou mau… Algo que apenas me fizesse sentir vivo.

4.19.2013

My fairytale without you.


As coisas mudaram. Novamente encontro a minha vida a dar cambalhotas na grama orvalhada pelas manhãs frescas de Abril. Parece que me encontro preso num déjà-vu onde tudo sempre se torna igual e tem obrigatoriamente o mesmo final triste e amargo que tanto magoa. Sinto os olhos humedecidos e aquela tão vulgar sensação de querer ouvir músicas tristes enquanto a mente dança com o espírito  e ficar no meu canto enrolado entre as mantas com a cabeça pousada nos joelhos à espera que tudo passe. À espera que a tempestade se afaste e de novo os raios de luz trespassem as espessas nuvens cinzentas. Inevitavelmente, sou crescido o suficiente para saber que a cabeça sobre os joelhos feridos das quedas que a vida causa, e os braços cruzados não vencerão qualquer luta ou desafio. Quando tudo parece que vai ficar bem estala o verniz e tudo desmorona como um castelo de cartas. Abafo-me nos lençóis frescos, humedecidos pelas lágrimas. Procuro conforto de quem não me dá enquanto sinto os olhos turvos, inundados em água salgada que me escorre pelo rosto todas as vezes que leio as coisas bonitas que escrevi e decorei. Borro o carvão sobre o papel. Dissolvo na tristeza os planos de uma vida perfeita e apago o que restava dum coração sonhador com esperanças no amor porque agora eu sei, melhor que ninguém, que venha quem vier o final sempre será o mesmo com mais ou menos lágrimas escorridas no rosto e noites mal dormidas.

4.16.2013

Dreams came true?



Mergulho o velho pincel, ainda tingido de cinzento nas sardas espigadas e mal tratadas, levando um pouco de cor ao que parecia triste e apagado. Misturo entre as linhas rabiscadas e os esboços borrados de carvão uns quantos salpicos de vida, de felicidade e de sonhos, como quando, na mais densa escuridão da noite se descobre entre as nuvens chuvosas algumas estrelas apagadas e abafadas pela neblina que insiste destruir o que de belo e mágico pode haver para dois olhos entristecidos contemplarem. Entrelaçam-se os dedos. E se as estrelas esta noite fossem de açúcar? Deslizo entre o azul e o escarlate. O meu coração de novo palpita e os meus olhos novamente tentam disfarçar o estranho brilho que os invade fugazmente. Deparo-me com o sorriso cravado no canto da boca, com as estranhas cócegas no estômago. Um novo traço se adivinha entre as linhas cinzentas do passado, que a ninguém encantam. Numa suave valsa, entre o pincel e a tela, entre o azul e o amarelo, pinto sentimentos vividos, palavras beijadas e gestos petrificados no tempo e no meu pensamento que insiste em não esquecer. Não há muito de bonito para contemplar, e esta noite talvez as estrelas não sejam de açúcar no entanto, dentro de mim sempre haverá o desejo constante, o sabor amargo e vibrante de quem quer sentir-se preenchido mesmo que, tal como o desenho rabiscado que aspira um dia ser quadro, tudo também não passe de ser somente, um doce sonho imaturo e colorido...

4.13.2013

Come Home


Eu queria pedir desculpas. Queria conseguir erguer a cabeça e deixar as palavras escorrerem de dentro de mim, com toda a sinceridade que o puro arrependimento pudesse provocar algures num fraco e covarde ser humano com pouco carácter. Persegue-me o remorso que me tira o sono. Esses olhos tristes, humedecidos pelas minhas atitudes; As minhas atitudes, que sempre achei correctas e me orgulhei. As minhas atitudes que sempre afirmei serem um molde exemplar para os que perderam a boa educação em algum lugar ou pelos que simplesmente nunca tiveram a sorte de a ganhar... Parece que perdi a minha algures também; Parece que sou tão igual aos demais quanto as nuvens cinzentas que escondem o sol num dia chuvoso de Janeiro que se afasta enquanto o vento te acaricia o rosto, nas horas mortas que passam sem dar conta. O teu sorriso apagado tortura-me. Evito pensar, mas essa pedra no sapato impede-me de continuar nos caminhos que procuro e não acho. Estendem-se as estradas à minha frente mas todas me levam em teu encontro e novamente se arrepiam os braços de sentir a tua respiração pesada, completa em tristezas quando antes era leve, suave e meiga como a brisa da Primavera.  Sinto-me aterrado; Aterrado não só por dizer o que disse, fazer o que fiz e pensar o que pensei, mas também pela minha cobardia, pelo medo que eu tenho de me aproximar e encontrar o que não quero sentir novamente na flor da pele, murcha pelo desgosto. De colocar sobre a mesa as minhas cartas quando és tu que tens os trunfos. De perder o jogo. De ganhar quem sabe mais um, na minha colecção de estilhaços de corações partidos e concertados pelo tempo. Queria-te de volta novamente. Recomeçar do zero e esticar-te a mão mas a tua voz continua a surgir na minha mente como um fantasma do silêncio. Passas por mim e a tua cabeça continua baixa, escondendo o olhar afogado em desilusões que eu plantara na varanda, junto das túlipas mortas pelo arrependimento. Dentro de mim surge a fogosa raiva por quem te magoou. A fogosa raiva que me consome e me queima, até que o que resta dessa covardia se converta em cinzas de arrependimento que, como o ditado diz, mata.

4.12.2013

The sunset in my hands



Os dias de sol voltaram, aquecendo a melancolia congelada há muito dentro de mim. Às vezes não sei o que pensar, dizer, sentir. As semanas tornam-se um turbilhão de confusões que não levam a lado algum. Estou cansado de pensar, de fazer tudo certo. Doem-me os pés de percorrer sempre os mesmos caminhos mais longos e seguros. Hoje apetece-me arriscar. Correr na corda-bamba e cair, sem medo algum de ensanguentar os joelhos. Chorar e rir, sem me preocupar e continuar até me cansar. Puxar-te para a chuva e dançar no meio da estrada, mesmo que os vizinhos nos vejam. Apetece-me beijar o vento, provar-lhe o gosto áspero da Primavera e esperar que ele to entregue a ti, e assim, galgaríamos os oceanos juntos atrás dos sonhos e da felicidade que sempre quisemos e merecemos. Porquê ser racional e complicar? Apenas hoje, enquanto brilha forte e quente o sol, dar-te um beijo de impulso. Moldar os meus lábios aos teus e entrelaçar os dedos numa carícia. Dizer coisas tolas e prometer-te amar-te para sempre, mesmo que estivesse longe de o saber ser verdade. Olhar-te nos olhos, estender-te uma cerveja e sorrir-te, despido de inseguranças e receios. Pegar-te ao colo e levar-te comigo para o telhado, aninhar-te nos meus braços e roubar o pôr-do-sol, para que sempre que quiséssemos  revivermos o nosso momento.Só hoje, seria o suficiente para escapar desta enfadonha rotina, desta vida de adulto precoce e dizer, talvez demasiado precipitado que te amo… 

4.03.2013

The old Country without hope



Cai calma a manhã de quarta-feira, quando o silêncio rodopia na sala vazia amarrotando as folhas dos jornais rabiscados que me cansei de ler e folhear, página a página, saboreando cada palavra amarga que dita as piores condições para este pequeno país onde um dia tive esperança. Agora entendo o que diziam sobre ser adulto e como lamento ter perdido aquela ingenuidade de não entender tão cedo. Roubam-me os sonhos e os meus pequenos planos, aquelas notícias que há muito não são boas. Ainda alguém as lê? Provavelmente sim, os poucos que ainda acreditam em melhorias e oportunidades de poder começar a vida… E era só isso que eu sinceramente queria: uma oportunidade. Pouco me lembro da última vez que senti progresso na minha vida e entristecem-se os olhos e a alma ao pensar nas probabilidades tão baixas de vir a acontecer. O que vai ser da minha vida? Dou por mim a perguntar-me vezes e vezes sempre que desespero entre os anúncios a que não tenho resposta. Fecham-se portas mas não se abrem janelas e apenas a escuridão e a incerteza ficam. Não é por falta de tentar, de lutar e de me esforçar, é simplesmente porque infelizmente deixou de haver oportunidades neste país para aqueles que pretendem levar uma vida honesta.  Pergunto-me que possibilidades tenho, quais caminhos posso seguir ou traçar, mas sem oportunidades não há esperança nem há respostas e aqui não há mais espaço para crescer, para viver ou para sonhar neste pequeno país que em tempos fora grande. Vejo à minha volta os outros partirem, de malas às costas para além dos horizontes que nunca passei. Asfixia-me o peito de pensar deixar para trás aqueles que mais amo e por momentos corre reboliço dentro de mim aquele medo e aquele pânico, como se o mundo selvagem lá fora me fosse devorar.

3.25.2013

Be Human



Sopra forte e frio a brisa de Março, quando a Primavera se espalha na paisagem salpicando de cor cada detalhe e pormenor que da minha visão sempre escapa. Pudesse essa Primavera salpicar também os dias cinzentos em que te escrevo sobre o significado que tem para mim o teu olhar cor de mel, o teu sorriso abafado e o teu subtil odor a cigarro apagado de fresco. Dias que te escrevo, com a chuva a bater na janela, as mais inocentes cartas de amor que nunca te enviei. E é nessas cartas que te conto tudo o que comigo se passa. Todos estes medos e inseguranças que me corroem como um veneno que me afoga na mágoa solitária existente dentro de mim, como uma doença que me impede de ser feliz. Pudesses tu entender do que te falo, sempre que te escrevo as mesmas frases direitas por linhas tortas e compreender cada medo mais frágil e humano que me completa. Porque são estes medos que me fazem dizer as coisas que não quero nas horas mais difíceis, sempre que te quero abraçar e as pernas trémulas impedem de avançar até ti. Quantas vezes não pensei fazê-lo, naquelas noites de insónias que te procuro ao meu lado e não te encontro. Pudesse eu controlar esta covardia selvagem e indomável e deixar que então essa Primavera salpicasse também os dias cinzentos.