Gargalhadas afastam os bichos necrófagos de comerem o que resta de mim quando todos se limitam a ignorar o que dentro deste corpo não pára de bater impulsivamente, descontroladamente. Álcool sobre as feridas em sangue parece cócegas quando comparado à dor de um coração despedaçado. Eu bem que sei disso mas mesmo assim umas quantas vezes não chegam para adormecer a desconfortável e insatisfeita esperança de sentir um calafrio nos dedos; Quem mo fará sentir, depois do nascer de um beijo verdadeiro? Vontade não falta, de me atirar ao chão e rasgar as cortinas que escondem o meu melhor e o meu pior. Ser fraco às vezes poderia ser uma sorte quando o coração palpita dorido e mesmo assim não desiste de amar os pássaros que fazem ninhos nos meus bolsos sem fundo onde se espalham e se perdem tantos sentimentos vividos e esquecidos quantas estrelas os céus românticos de verão têm. Pessoas que entram na minha vida, que julgam, que encantam, que mentem, que enganam e no fim partem sem dizer adeus quando suas as malas pareciam ser parte da decoração habitual e desajeitada. Apenas sinto falta, da estúpida inocência e dos tempos que as coisas pareciam ser boas, sérias e verdadeiras e se desenvolveram para nada mais que noites de angústia mal dormidas, umas lágrimas caídas e uns suspiros levados, sabe o vento para onde. Só sinto falta de sentir algo, bom ou mau… Algo que apenas me fizesse sentir vivo.
4.28.2013
4.19.2013
My fairytale without you.
4.16.2013
Dreams came true?
Mergulho o velho pincel, ainda tingido de cinzento nas sardas espigadas e mal tratadas, levando um pouco de cor ao que parecia triste e apagado. Misturo entre as linhas rabiscadas e os esboços borrados de carvão uns quantos salpicos de vida, de felicidade e de sonhos, como quando, na mais densa escuridão da noite se descobre entre as nuvens chuvosas algumas estrelas apagadas e abafadas pela neblina que insiste destruir o que de belo e mágico pode haver para dois olhos entristecidos contemplarem. Entrelaçam-se os dedos. E se as estrelas esta noite fossem de açúcar? Deslizo entre o azul e o escarlate. O meu coração de novo palpita e os meus olhos novamente tentam disfarçar o estranho brilho que os invade fugazmente. Deparo-me com o sorriso cravado no canto da boca, com as estranhas cócegas no estômago. Um novo traço se adivinha entre as linhas cinzentas do passado, que a ninguém encantam. Numa suave valsa, entre o pincel e a tela, entre o azul e o amarelo, pinto sentimentos vividos, palavras beijadas e gestos petrificados no tempo e no meu pensamento que insiste em não esquecer. Não há muito de bonito para contemplar, e esta noite talvez as estrelas não sejam de açúcar no entanto, dentro de mim sempre haverá o desejo constante, o sabor amargo e vibrante de quem quer sentir-se preenchido mesmo que, tal como o desenho rabiscado que aspira um dia ser quadro, tudo também não passe de ser somente, um doce sonho imaturo e colorido...
4.13.2013
Come Home
Eu queria pedir desculpas. Queria conseguir erguer a cabeça e deixar as
palavras escorrerem de dentro de mim, com toda a sinceridade que o puro
arrependimento pudesse provocar algures num fraco e covarde ser humano com pouco carácter. Persegue-me o remorso que me tira o sono. Esses olhos tristes, humedecidos
pelas minhas atitudes; As minhas atitudes, que sempre achei correctas e me
orgulhei. As minhas atitudes que sempre afirmei serem um molde exemplar para os
que perderam a boa educação em algum lugar ou pelos que simplesmente nunca tiveram a sorte de a ganhar... Parece que perdi a minha algures também; Parece que sou tão igual aos
demais quanto as nuvens cinzentas que escondem o sol num dia chuvoso de
Janeiro que se afasta enquanto o vento te acaricia o rosto, nas horas mortas que passam sem dar conta. O teu sorriso apagado tortura-me. Evito pensar, mas essa pedra no sapato
impede-me de continuar nos caminhos que procuro e não acho. Estendem-se as estradas à minha frente mas todas me levam em teu encontro e novamente se arrepiam os braços de sentir a tua respiração pesada, completa em tristezas quando antes era leve, suave e meiga como a brisa da Primavera. Sinto-me aterrado; Aterrado não só por dizer o que disse, fazer o que fiz e
pensar o que pensei, mas também pela minha cobardia, pelo medo que eu tenho de
me aproximar e encontrar o que não quero sentir novamente na flor da pele, murcha pelo desgosto. De colocar sobre a mesa as minhas cartas quando és tu que tens os trunfos.
De perder o jogo. De ganhar quem sabe mais um, na minha colecção de estilhaços
de corações partidos e concertados pelo tempo. Queria-te de volta novamente. Recomeçar do zero e esticar-te a mão mas a tua voz continua a surgir na minha mente como um fantasma do
silêncio. Passas por mim e a tua cabeça continua baixa, escondendo o olhar afogado em desilusões
que eu plantara na varanda, junto das túlipas mortas pelo arrependimento. Dentro de mim surge a fogosa raiva por quem te magoou. A fogosa raiva que me consome e me queima, até que o que resta dessa covardia se converta em cinzas de arrependimento que, como o ditado diz, mata.
4.12.2013
The sunset in my hands
Os dias de sol voltaram,
aquecendo a melancolia congelada há muito dentro de mim. Às vezes não sei o que
pensar, dizer, sentir. As semanas tornam-se um turbilhão de confusões que não
levam a lado algum. Estou cansado de pensar, de fazer tudo certo. Doem-me os
pés de percorrer sempre os mesmos caminhos mais longos e seguros. Hoje apetece-me
arriscar. Correr na corda-bamba e cair, sem medo algum de ensanguentar os
joelhos. Chorar e rir, sem me preocupar e continuar até me cansar. Puxar-te para a chuva e dançar no meio da estrada, mesmo que os vizinhos nos vejam. Apetece-me
beijar o vento, provar-lhe o gosto áspero da Primavera e esperar que ele to
entregue a ti, e assim, galgaríamos os oceanos juntos atrás dos sonhos e da felicidade
que sempre quisemos e merecemos. Porquê ser racional e complicar? Apenas hoje,
enquanto brilha forte e quente o sol, dar-te um beijo de impulso. Moldar os
meus lábios aos teus e entrelaçar os dedos numa carícia. Dizer coisas tolas e prometer-te
amar-te para sempre, mesmo que estivesse longe de o saber ser verdade. Olhar-te nos olhos, estender-te uma cerveja e sorrir-te, despido de inseguranças e receios. Pegar-te ao colo e levar-te comigo para o telhado, aninhar-te nos meus braços e roubar o pôr-do-sol, para que sempre que quiséssemos revivermos o nosso momento.Só hoje,
seria o suficiente para escapar desta enfadonha rotina, desta vida de adulto
precoce e dizer, talvez demasiado precipitado que te amo…
4.03.2013
The old Country without hope
Cai calma a manhã de quarta-feira,
quando o silêncio rodopia na sala vazia amarrotando as folhas dos jornais
rabiscados que me cansei de ler e folhear, página a página, saboreando cada
palavra amarga que dita as piores condições para este pequeno país onde um dia
tive esperança. Agora entendo o que diziam sobre ser adulto e como lamento ter
perdido aquela ingenuidade de não entender tão cedo. Roubam-me os sonhos e os
meus pequenos planos, aquelas notícias que há muito não são boas. Ainda alguém
as lê? Provavelmente sim, os poucos que ainda acreditam em melhorias e
oportunidades de poder começar a vida… E era só isso que eu sinceramente
queria: uma oportunidade. Pouco me lembro da última vez que senti progresso na
minha vida e entristecem-se os olhos e a alma ao pensar nas probabilidades tão baixas de vir a acontecer. O
que vai ser da minha vida? Dou por mim a perguntar-me vezes e vezes sempre que
desespero entre os anúncios a que não tenho resposta. Fecham-se portas mas não
se abrem janelas e apenas a escuridão e a incerteza ficam. Não é por falta de
tentar, de lutar e de me esforçar, é simplesmente porque infelizmente deixou de
haver oportunidades neste país para aqueles que pretendem levar uma vida honesta.
Pergunto-me que possibilidades tenho,
quais caminhos posso seguir ou traçar, mas sem oportunidades não há esperança
nem há respostas e aqui não há mais espaço para crescer, para viver ou para sonhar
neste pequeno país que em tempos fora grande. Vejo à minha volta os outros partirem, de malas às costas para além dos horizontes que nunca passei. Asfixia-me o peito de pensar deixar para trás aqueles que mais amo e por momentos corre reboliço dentro de mim aquele medo e aquele pânico, como se o mundo selvagem lá fora me fosse devorar.
3.25.2013
Be Human
Sopra forte e frio a brisa de Março, quando a Primavera se
espalha na paisagem salpicando de cor cada detalhe e pormenor que da minha
visão sempre escapa. Pudesse essa Primavera salpicar também os dias cinzentos
em que te escrevo sobre o significado que tem para mim o teu olhar cor de mel,
o teu sorriso abafado e o teu subtil odor a cigarro apagado de fresco. Dias que
te escrevo, com a chuva a bater na janela, as mais inocentes cartas de amor que
nunca te enviei. E é nessas cartas que te conto tudo o que comigo se passa.
Todos estes medos e inseguranças que me corroem como um veneno que me afoga na
mágoa solitária existente dentro de mim, como uma doença que me impede de ser
feliz. Pudesses tu entender do que te falo, sempre que te escrevo as mesmas frases
direitas por linhas tortas e compreender cada medo mais frágil e humano que me completa.
Porque são estes medos que me fazem dizer as coisas que não quero nas horas
mais difíceis, sempre que te quero abraçar e as pernas trémulas impedem de
avançar até ti. Quantas vezes não pensei fazê-lo, naquelas noites de insónias que te procuro ao meu lado e não te encontro. Pudesse eu controlar esta covardia selvagem e indomável e
deixar que então essa Primavera salpicasse também os dias cinzentos.
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